ANIMAL LIBERATION FRONT
Pense Nisso
"A vida é valor absoluto. Não existe vida menor ou maior, inferior ou superior. Engana-se quem mata ou subjuga um animal por julgá-lo um ser inferior. Diante da consciência que abriga a essência da vida, o crime é o mesmo."
(Olympia Salete )
domingo, 24 de janeiro de 2010
Um amor com mais de sete vidas
Por: Fabiana Paiva e Fabiana de Freitas / Foto: Arquivo pessoal
Tem gente que não gosta de gatos e diz que eles não são nem um pouco sociáveis. Em contrapartida, pessoas como Rute Albuquerque não só amam, como também fazem loucuras por eles. Responsável pela criação de um paraíso para felinos abandonados, Rute mantém um gatil que abriga 1.352 gatos sem a ajuda de nenhuma instituição governamental.
A simpatia por animais começou aos 3 anos, quando Rute pegou o seu primeiro gato na rua. A preferência por felinos era tanta que Roberto Marinho, com quem Rute foi casada durante vinte anos, chegou a levar três filhotes de tigre para visitar a mulher, na casa deles, no Cosme Velho. Mas a idéia de construir o gatil só surgiu quando Rute estava em processo de separação do jornalista e encontrou consolo no lugar menos esperado.
– Um dia, durante o processo de desquite, enquanto estava procurando um apartamento para mim, sentei-me numa poltrona com Cinderela no meu colo. Estava muito triste e duas lágrimas caíram. Nesse momento, Cinderela levantou e enxugou as minhas lágrimas com a patinha. Diante deste gesto de carinho, prometi a ela que, quando organizasse a minha vida, construiria um lugar para seus irmãozinhos abandonados morarem, conta Rute, emocionada com a lembrança.
Como promessa é dívida, em 2000, Rute comprou um terreno de quinze mil metros quadrados em Pedra de Guaratiba, Zona Oeste do Rio. No ano seguinte, o SOS Animal Felino começava suas atividades com os primeiros habitantes, 300 gatos trazidos das ruas do Arpoador. Atualmente, os 1.352 bichanos consomem mensalmente três toneladas de ração.
A beleza do abrigo contrasta com a rua sem asfalto em que se localiza. Mesmo com o lugar pouco valorizado, Rute paga R$ 45.700 de IPTU. Segundo ela, para contabilizar o imposto, a prefeitura levou em consideração as 30 casas que servem de dormitório para os gatos. "O governo não estimula as pessoas a fazerem caridade", reclama.
Além de poderem dormir em caminhas e prateleiras cobertas com almofadas, os bichanos contam com uma assistência inexistente em alguns hospitais públicos da cidade. O gatil dispõe de consultório veterinário, CTI, sala de recuperação e uma divisão para aqueles que estão com doenças infecto-contagiosas.
Quanto ao custo para manter toda infra-estrutura do abrigo, que emprega vinte funcionários, Rute diz apenas que gasta bastante. Às vezes, chega até a se privar de algumas coisas. Para ela, entretanto, cuidar dos gatos é gratificante.
– Em vez de ficar comprando roupas e passeando todos os anos pela Europa, prefiro empregar meu dinheiro em algo que me dê satisfação interior. Além disso, posso dividir com os outros um pouco do que Deus teve a grandeza de me dar, destaca.
Assim como Rute, o professor João Nogueira, do Departamento de Relações Internacionais, não mede esforços para agradar seus "filhos". Ele gastou R$ 5 mil para construir passarelas que comunicam a cozinha, a sala, o escritório e o corredor do apartamento.
– As prateleiras aumentam as opções de brincadeiras e exercícios dos gatos. Além disso, são ótimas para aumentar a área de circulação e melhorar a qualidade de vida deles, justifica o professor, dono de quatro gatos.
Outra apaixonada por gatos é Rosângela Ainbinder, a professora do Departamento de Comunicação Social, que cria 26 gatos em seu apartamento. Quem pensa que os bichanos trazem transtornos está enganado. Segundo ela, os gatos são silenciosos e limpos. Colocar uma tela na varanda foi a única mudança necessária.
Para Rosângela, conviver com animais é um aprendizado ecológico, porque eles obrigam a fazer uma reflexão sobre a condição da vida no planeta.
– O homem que vive só para o trabalho e o prazer esquece que é parte dessa natureza viva. Quando você convive com um animal, aprende a repartir. Você não se sente tão rei da criação, justifica a professora.
Tanto Rute quanto Rosângela se dedicam a cuidar de gatos que estavam abandonados. Ambas concordam que a castração é a melhor maneira de reduzir o número de animais de rua, um problema existente em toda a cidade, inclusive na PUC.
Cláudia Pinheiro, mais conhecida como Mulher Gato, é uma das pessoas que abraçaram a causa. Ela se formou em Letras em 1995 e desde então volta diariamente à Universidade para alimentar e cuidar dos gatos que ficam no campus. Recentemente, em parceria com o DCE da PUC, lançou uma campanha para arrecadar dinheiro para a castração dos felinos. "Castrá-los e adotá-los são as maneiras mais eficazes e humanas de manter a população estável", enfatiza Cláudia.
Verdades e mentiras sobre os felinos
O veterinário Alexandre Correa Zveiter trabalha com gatos abandonados no abrigo SOS Animal Felino há seis anos e conta o que é ou não verdade sobre os felinos.
• Os gatos são traiçoeiros – Não. As pessoas podem, por pura falta de conhecimento, fazer coisas que incomodam os gatos e eles tomam atitudes que são encaradas como traição. Mas isso não se restringe aos gatos, qualquer animal pode apresentar esse tipo de comportamento.
• Gatos não gostam dos donos, só da casa – Não é verdade. Isso fica muito claro para quem trabalha em um abrigo e vê os animais sofrendo com o abandono, principalmente os que antes eram criados com mais proximidade dos donos.
• Grávidas e crianças não podem conviver com gato – Mentira. O gato é o hospedeiro da toxoplasmose e pode transmiti-la através das fezes, mas nem todo gato é portador da doença. De qualquer forma, bastariam medidas básicas de higiene como lavar as mãos após o contato com o animal ou evitar contatos muito íntimos com ele.
• Se meu gato me morder ou me arranhar, devo tomar vacina de raiva – Depende, as unhas não podem transmitir raiva. No caso de mordidas, deve-se verificar se o gato é vacinado; se for, não é necessário.
• Esterilizar os gatos é ir contra a natureza – A natureza foi modificada no momento em que eles foram domesticados. Não castrar, só aumenta a população de gatos abandonados.
• Gato preto dá azar – Gato preto tem o azar de ter esse rótulo, que o faz ser rejeitado e usado em rituais de sacrifício em magia, só por causa da cor.
Edição 191
Publicada em: 28/09/2007 às 17:30
Seção: Edições Anteriores
link da postagem:
http://publique.rdc.puc-rio.br/jornaldapuc/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=632&sid=20
Vicky Dorabella
Site: http://www.vickydolabella.com.br/
http://www.vickydolabella.com.br/_img/galeria/gat003p.jpg
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário