Janeiro de 2008 - "Série 5+": Pulgas e Carrapatos
Elas não são inofensivas
A pulga leva mais animais ao hospital veterinário do que se imagina. Saiba como afastar esses parasitas de difícil controle
No pensamento popular, é normal um cachorro ou um gato terem pulgas. Mas o sofrimento que esses insetos podem causar aos animais, entre coceiras, feridas graves e doenças é muito maior do que se imagina.
Na terceira reportagem da série exclusiva da ARCA Brasil descubra por que as doenças alérgicas por picada de ectoparasitas (pulgas) estão em segundo lugar nos atendimentos do Hospital Veterinário Anhembi Morumbi e são presença constante nas clínicas do país. E, principalmente, saiba como evitar que o seu animal passe por isso, já que usar as unhas ou produtos veterinários sem orientação não atingirá nem 5% da população desse parasita em sua casa.
Acompanhe esta série de matérias que está chamando a atenção da grande mídia (revista Cláudia e do portal G1).
De acordo com Peter Ihrke, pesquisador e veterinário especialista em dermatologia da Universidade da Califórnia, entre 50 e 80% das manifestações de pele que atingem os cães são causadas por picadas de pulgas (seu estudo não mostra uma estimativa para gatos, mas pressupõe um número parecido)¹. No Brasil, essas reações alérgicas recebem o nome de Dermatite Alérgica a Picada de Pulga (DAPP) e são conhecidas, também, como Dermatite Miliar quando se manifestam nos gatos. A alergia não é provocada somente pela picada, mas (pasmem!) pelo contato da saliva da pulga com a pele do mascote.
Nos cães a DAPP pode ser reconhecida pela queda acentuada de pêlo e vermelhidão na região dorsal próxima à cauda, região conhecida como triângulo da DAPP e nos felinos principalmente na área do pescoço (veja a ilustração), seguidas sempre por intensa coceira. Segundo Maria Estrela Felício, Veterinária Solidária, o animal tem que ser levado ao veterinário assim que percebida a irritação. “Essas lesões tendem a piorar rapidamente por causa da coceira que a alergia desencadeia.”, explica ela e enfatiza que a demora do proprietário pode trazer mais complicações. “As feridas e crostas vão aumentando e podem levar a uma Piodermite grave (infecção de pele), cujo tratamento é bem mais complicado que a DAPP”, completa a veterinária. Além da coceira, pode haver lesões por todo o corpo, com áreas de vermelhidão até feridas úmidas com crostas e a presença de sangue e pus.
Dra. Felício revela que no verão chega a receber casos diários de DAPP e Dermatite Miliar em sua clínica. Isso acontece porque o calor acelera o ciclo de crescimento da pulga, que se torna adulta mais rápido.
Uma multidão invisível
A atitude mais comum do proprietário ao constatar que o seu animal está com o parasita é dar um banho anti-pulgas em casa ou em um pet shop e aplicar produtos tópicos que matam o inseto (entre eles talcos e sprays). “Essas medidas protegem apenas temporariamente, pois atingirão apenas as pulgas presentes no animal. Se a casa estiver infestada, o cão ou gato serão novamente parasitados assim que os produtos perderem o efeito e apresentarão os sintomas desta alergia tão comum”*, explica Rosângela Ribeiro, responsável técnica da ARCA Brasil e professora de Parasitologia Veterinária.
Prevenir esses problemas significa manter as pulgas longe. Ações de higiene básica como banhos regulares e espaços limpos podem contribuir para esse objetivo. Rosângela diz que qualquer residência está sujeita a uma infestação de pulgas: “Basta a presença de uma fêmea fecundada para que sejam colocados cerca de 20 ovos diariamente até o final do seu ciclo de vida”. Segundo a médica, esses parasitas são um exército invisível, pois, além de terem tamanho microscópico, são resistentes a baixas temperaturas, sensíveis à luz e se escondem em fendas nos pisos, sofás, carpetes, ninhos e locais de descanso dos animais durante a maior parte do ciclo de vida.
Apenas quando estão na fase adulta passam a residir nos animais e a se alimentar do sangue deles. “Apenas 5% das pulgas se instalam nos cães ou gatos, o restante está espalhado pelo meio ambiente, na fase do ovo, da larva ou da pupa” (confira o diagrama), completa . De acordo com ela, a pulga adulta pode permanecer até 6 meses sem alimento. “O controle do ambiente é fundamental e deve ser um dos focos principais para manter esses insetos afastados. Enquanto estiver sendo picado, o cão alérgico continuará sofrendo e se mutilando de tanto se coçar, assim como um ser humano que sofre de processos alérgicos”, enfatiza a médica. Ela lembra que, muitas vezes, a infestação também pode se estender ao vizinho e precisa ser controlada nos dois locais.
A Veterinária Solidária Ana Segalla, de Bauru, SP, alerta para os cuidados na hora de combater os insetos que estão dentro de casa ou no quintal: “A maioria dos produtos destinados para este fim são veneno e não devem nunca ser passados no animal. Aliás o cão ou gato deve ser retirado enquanto o produto é aplicado e deve voltar apenas quando tudo estiver seco”. A médica recomenda sempre a orientação de um veterinário antes do uso de qualquer substância e alerta que em casas com terra o controle é bem mais difícil.
* As empresas Amigas dos Animais e da ARCA Brasil Centagro e Duprat fabricam sabonetes, shampoos e sprays com efeito residual preventivo. Também existem no mercado produtos que agem pelo contato (spot-on) de maior duração. Produtos com efeito residual podem, eventualmente, acabar com a infestação por efeito indireto, quando usados por mais de um ano. Consulte sempre o seu veterinário antes de usar qualquer produto.
¹ J. Ihrke, Peter. Distinguishing Between Allergies. Department of Medicine & Epidemiology, School of Veterinary Medicine University of California, Davis, California, U.S.A. 2007.
1. Doenças infectocontagiosas, como cinomose e parvovirose;
Leia a reportagem "Só uma Picadinha"
2. Doenças alérgicas por picadas de ectoparasitas (pulgas);
Mais informações na matéria "Inofensivas?"
3. Obesidade e doenças do metabolismo (diabetes, hiperlipidemias);
Conheça os detalhes sobre este assunto no texto "De olho na silhueta"
4. Aparecimento ou agravamento de problemas articulares pré-existentes, como displasias e artroses degenerativas;
Entenda mais com a reportagem "Deixando as escadas de lado"
5. Traumas por atropelamentos ou brigas;
Confira a matéria "Curativos, talas, pinos..."
LINK>>> http://www.arcabrasil.org.br/noticias/0801_dapp.html
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