A
cinomose é uma
doença altamente contagiosa provocada pelo
vírus CDV (
Canine Distemper Vírus) ou Vírus da Cinomose Canina (VCC), da família
Paramyxoviridae, que atinge animais da família
Canidae,
Mustelidae,
Mephitidae e
Procyonidae (entre eles
cães,
furões/
ferrets e alguns outros animais silvestres). Ela degenera os envoltórios lipídicos que envolvem os
axônios dos
neurônios, conhecidos como
bainha de mielina.
Ela afeta a todos os cães e é raro que haja algum que não tenha sido
exposto ao vírus, exceto no caso de cães que vivem isolados. Junto com
ela, geralmente aparecem
infecções causadas por
bactérias.
A
Cinomose é a doença mais grave nos cães. A descrição clássica em livros
textos é de uma infecção viral aguda caracterizada por febre bifásica,
secreções nasal e ocular, indisposição, anorexia, depressão, vômito,
diarréia, desidratação, leucopenia, dificuldades respiratórias,
hiperceratose do focinho e dos coxins plantares, mioclonia e
sintomatologia neurológica.
Tanto os animais tratados quanto os
não tratados podem desenvolver sintomatologia nervosa, mas esta é mais
comum nos últimos. Essa fase nervosa da doença pode ser caracterizada
por
espasmos
musculares (mioclonia) e comportamento fora do normal. Esse
"comportamento fora do normal" é provocado pela desmielinização do
sistema nervoso, o cão pode se tornar agressivo e não reconhecer o dono.
Com o degeneramento avançado da
baínha de mielina,
o cão pode apresentar paralisia devido à fragmentação dos neurônios.
Embora hoje em dia muitos Veterinários recomendem a eutanásia de um
animal com paralisia pela cinomose, a acupuntura tem sido um tratamento
alternativo bastante utilizado, inclusive mostrando alguns casos de
sucesso.(Carece de fontes)
Como a maioria dos cães infectados
ficam com as pupilas dilatadas, ao notar isso é aconselhável manter o
cão em local com pouca luz, isso evitará a queima da retina evitando a
cegueira.
Até pouco tempo, a cinomose remontava um longo histórico
de insucessos no que tange tratamentos para animais acometidos. Dois
fatores se associavam e possuíam papel importante na manutenção dessa
perspectiva negativa.
O primeiro pode ser considerado quase cultural, animais acometidos não recebem a devida atenção até que a doença atinja sua
fase nervosa.
Durante esta fase não neurológica, os sintomas comumente observados são
distúrbios intestinais e respiratórios, apatia, falta de apetite e
ressecamento do coxin palmar, e este quadro costuma não ser o bastante
para alarmar os proprietários. Sendo o auxílio médico procurado somente
quando a doença atinge o
fase nervosa e a perturbação do estado do animal é mais chocante.
O segundo fator é decorrente da antiga interpretação que se tinha do mecanismo de ação do vírus no
fase nervosa. Supunha-se que as lesões que ocorriam eram resultado de uma reação estritamente
auto-imunes,
algo como se o vírus da cinomose desencadeasse algo, fosse eliminado,
mas a reação desencadeada continuasse. Por isso era preconizada uma
intervenção através de antiinflamatórios e imunossupressores, pois se
via uma necessidade de suprimir esta condição de auto flagelo.
Foi averiguado que a ação dos
macrófagos sobre células nervosas é orientada sobre células contaminadas, o que indica que a reação
auto-imune
é conseqüência direta da presença do vírus. Uma vez constatado isso,
fica fácil entender como os fatores citados contribuem para o óbito dos
animais infectados: os proprietários buscam ajuda especializada somente
quando a doença está em estagio avançado (fase neurológica) e a
prescrição de antiinflamatórios (que são geralmente corticóides) minam o
sistema imune do animal, permitindo alem da proliferação do vírus,
também a reação
auto-imune que aumenta como forma de contenção das células infectadas.
Os
tratamentos de maior sucesso para cinomose canina são apropriações de
tratamentos consagrados para outras enfermidades causadas por vírus
similares, como é o caso do
Ribavirin e da
Vitamina A, que são utilizados no tratamento do
sarampo mesma família e gênero (
Paramyxoviridae –
Morbilivirus) e do
Alfa Interferon , utilizado para o tratamento do
sarampo e quando se deseja preservar aves acometidas pela
doença de Newcastle,
mesma família, mas gêneros diferentes (
Paramyxoviridae –
Avulavirus ).
As
primeiras referências de que tratamentos eficazes para vírus similares
poderiam ser efetivos para cinomose surgiram quando trabalhos
verificaram que a cinomose era uma doença equiparável ao
sarampo e animais infectados poderiam ser utilizados para o desenvolvimento de novas tecnologias para tratamento do
sarampo. A dúvida se para o caso do
sarampo a recíproca seria verdadeira foi esclarecida quando estudos verificaram a eficácia de tratamentos clássicos para o
sarampo quando estes eram aplicados sobre animais com cinomose.
A primeira constatação foi quando a indução de altos níveis séricos de
Vitamina A, que é um tratamento ostensivamente utilizado para tratamento de
sarampo (sendo inclusive recomendado pela
Organização Mundial da Saúde ),
produziu um efeito de 100% de cura em animais experimentalmente
infectados. O grupo que não recebeu a suplementação todo veio a óbito.
Atualmente já se sabe que retinóides (Vitamina A e seus derivados) tem
efeito inibidor direto sobre o vírus do sarampo, o que corrobora sua
capacidade como tratamento em animais com cinomose
A constatação da eficácia da
Vitamina A
no tratamento da cinomose encontra nos carnívoros, especialmente nos
cães, um aliado excepcional, que é sua capacidade de conversão da
Vitamina A
em ésteres não tóxicos. Esta característica dos carnívoros é bem
conhecida, o que afasta os riscos de uma possível hipervitaminose
decorrente da manutenção de altas doses. Para os cães em especial existe
um valor de referência para mensurar o risco da hipervitaminose, um
estudo realizado nos Estados Unidos constatou que é preciso uma dosagem
de 300.000 UI/kg diária, durante trinta dias, para que os primeiros
sinais de hipervitaminose apareçam; e é preciso sessenta dias de
ingestão dessa dosagem para levar o animal a óbito. Sendo que esta
dosagem, 300.000 UI/kg é sessenta vezes maior do que o limite
estabelecido para humanos.
Os mecanismos de ação que explicam sua
efetividade no tratamento da cinomose permanecem sem compreensão plena,
assim como esta questão também existe para o caso do
sarampo. Alguns indícios apontam para uma ação indireta, como a verificação de que há a redução das quantidades de
Vitamina A durante a infecção apontando para a hipótese de que a
Vitamina A seja matéria-prima para algum mecanismo de resistência à infecção. A própria característica antiinfectiva não específica da
Vitamina A é um mistério, não havendo no entanto qualquer dúvida sobre sua efetividade, com mecanismos de ação elucidados ou não.
A adoção do
Ribavirin como tratamento para cinomose seguiu os mesmos passos da
Vitamina A, ele era a princípio utilizado em casos de
panencefalite esclerosante subaguda decorrentes do
sarampo. A primeira verificação da efetividade se deu in vitro.
O que permitiu constatar que o vírus da cinomose é bastante susceptível ao
Ribavirin e a seu mecanismo de indução ao
error-catastrophe , sendo necessários de 0.02 a 0,05 micro mols para um efeito inibitório na replicação do vírus de 50%.
A principal preocupação na utilização do
Ribavirin era o resultado de sua interação com a
barreira hemato-encefálica. Sendo o cérebro região imunológicamente privilegiada, a dúvida residia na capacidade do
Ribavirin de ultrapassar tal barreira. Um estudo utilizando camundongos com encefalite decorrente do
sarampo verificou-se que uma vez que o vírus tenha se estabelecido no
fase nervosa, a
barreira hemato-encefálica de certa forma tomba, reduzindo a restrição para a ação do
Ribavirin
nestas áreas. A verificação de todos estes resultados in vivo é
resultado de um estudo nacional e foi realizado utilizando apenas
animais que já houvessem desenvolvido a
fase nervosa da doença, o resultado foi uma eficácia de 80%. As ressalvas encontradas foram a necessidade de monitoramento do animal devido ao risco de uma
leucopenia
e também a necessidade da ingestão de alimentos ricos em triglicerídeos
de cadeia longa (gorduras) tanto para melhor absorção do medicamento
quanto para preservação das mucosas gástricas, que são bastantes
susceptíveis ao
Ribavirin.
FONTE:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cinomose
VISITE:
CINOMOSE TEM CURA
http://cinomose-tratamento-e-cura.blogspot.com.br/
Aspectos clinicopatológicos de 620 casos neurológicos de cinomose em cães
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-736X2007000500006&script=sci_arttext&tlng=es
Avaliação laboratorial da cinomose canina
http://rca.cav.udesc.br/rca_2011_2/3%20Barbosa%20et%20al.pdf
ASPÉCTOS CLINICOPATOLÓGICOS DA CINOMOSE EM CÃES
http://www.revista.inf.br/veterinaria10/revisao/edic-vi-n10-RL09.pdf
TESE DE DOUTORADO
http://www.unip.br/ensino/pos_graduacao/strictosensu/med_veterinaria/download/medvet_heloisaorsinide...